domingo, 9 de dezembro de 2012

Un Cuento Chino

Baita filme. Já tinham me falado várias vezes da obra, mas vinha deixando passar. Só penso como não tinha antes olhado, visto a tamanha qualidade do espetáculo. Un Cuento Chino é de 2011, 11 é a hora pontual que Roberto (Ricardo Darin, o onipresente) apaga a luz e apaga. Dirigido por Sebastián Borensteinz, tem locações na Argentina e na Espanha.
O filme conta a história do encontro entre o já citado Roberto, um veterano das Malvinas que vende brocas e alicates, obsessivo-mor, e Jun, um chinês perdido em Buenos Aires, fugido da desgraça da morte da noiva no Oriente. Inicialmente, e quase lugar-comum entre comédias, acontece a tentativa do desencontro: o argentino, seco, áspero, só quer se livrar do carinha: embaixada, delegacia, la, la, la... Mesmo assim, já fica evidente de cara, que por trás da secura, há a ternura (guevarismo?), a gana platense; vide a cena sensacional da discussão com o policial.
 
 
 
É tri ver a vida do suburbano porteño virando de cabeça pra baixo com a chegada do China; pensando positivamente, y así lo és, o ranzinza acaba se concertando, ajeitando os parafusos. A mudança vivida por Roberto é bonita: o loco consegue deixar de ser um doente mergulhado nas obsessões e passa a construir uma história mais verdadeira, mais absoluta, mais dulce de leche (la cosa más rica del mundo).
Outro ponto fantástico da película são as historietas que se entremeiam durante o desenrolar. Num cenário mais fantástico, mais mágico, mais Cortázar, a vida é contada de um jeito suave, ameno, em que até as tragédias tornam-se fundamentais (no?) e também tem seu lado pastelão.
Como dito tinha, perdi muito tempo até ver Um conto chinês. O cinema argentino vem caminhando a passos largos e ele é mais uma prova disso. Não comete o mesmo erro que eu. Dá uma colherada no doce de leite e aprecia ambos.
 
 

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