quarta-feira, 31 de julho de 2013

1984 - George Owell

Fugindo um pouco dos filmes e seriado, decidi falar sobre livros. Vamos falar sobre 1984, romance escrito por George Owell (psieudônimo de Eric Arthur Blair e autor de A revolução dos bichos).

O personagem principal - Winston Smith – vive em uma sociedade dividida entre burocratas e proletários. A nação, em guerra constante com as outras duas potências mundiais, é comandada por um líder intocável: o big brother. A ditadura comandada pelo big brother determinada tudo o que você deve fazer, onde você deve estar, com quem você deve se relacionar. O controle era tanto que mesmo pensar errado já era um crime, ou melhor, um thoughtcrime.

Como esse controle é atingido? Por meio de um Telescrean, uma espécie de aparelho de TV com câmeras e microfones. É praticamente impossível fazer alguma coisa sem estar no campo de visão de uma Telescrean, sem ser controlado ou vigiado. The big brother is alwayas watching, Always.

Dentro desse cenário, Winston vive um romance proibido e começa a tentar desvendar os segredos desse sistema que comanda a vida de todos. Depois, a trama se torna relativamente complexa, trazendo com personagens que atuam na resistência ao regime ditatorial e também com vigias, torturadores, agentes disfarçados.

Não dá pra esquecer que esse livro foi lançado há mais de 60 anos, e talvez o futuro improvável que George Owell imaginou não esteja tão distante assim. Todo mundo sabe que facebook e google nos conhecem melhor do que nossas mães, mas isso já é notícia velha. Agora, descobrimos que o governo americano monitora ligações sem precisar de uma probable cause, mas tudo bem, todo mundo já desconfiava disso. O que me deixa preocupado é o novo Knect do Xbox One, que vai literalmente monitorar o batimento cardíaco daspessoas. Não acho que o governo americano vá nos monitorar por redes sociais ou videogames, mas, pensando bem, que controle temos sobre o que fazem com as nossas informações?

É por conta desse cenário que eu acho que livros como 1984 são importantes. Eles pegam um ponto – no caso, a censura do governo – e o levam ao extremo, despertando a nossa atenção para coisas que nos passam despercebidas no cotidiano. Não estou dizendo que precisamos encaixar nossa realidade na obra de Owell e usar ela como um guia, uma profecia. Porém, depois de ler esse livro, você vai ver de uma forma diferente os limites da nossa privacidade e, principalmente, o quanto abrimos mão desses limites para participar do mundo moderno.

Ah, e para não sair muito da linha do blog, eu recomendo o filme Minority Report. Aqui, as pessoas são presas com base em previsões de que elas cometerão crimes no futuro. Não é exatamente o mesmo mecanismo de censura das telescreans do 1984, mas o conceito é semelhante.





PS: Depois de escrever esse post, descobri que o livro já virou filme há algumas boas décadas. Eu não vi o filme, mas descobri que ele está disponível na íntegra no youtube. Um dia eu faço uma review do filme, mas não tenho pressa, até porque the book is always better.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O preço do amanhã

Estava eu no sábado a tarde, deitado na cama, sendo um vegetal. O melhor programa de final de semana. Fazia nesse momento algo inesperado: passava os canais da TV a cabo, esperando que o acaso me preparasse algo que valesse a pena assistir. Não digo que o acaso conseguiu, mas certamente chamou minha atenção por um pouco de tempo.
Caí no Telecine de cara na cara do Justin Timberlake. Isso normalmente me faria trocar direto pro Zorra Total ou pelo menos para o canal que fica vendendo tapetes. O Justin Timberlake só pode ser primo do Orlando Bloom, os dois piores atores que pegam bons papéis. O que prendeu minha atenção foi que bem na hora estava aparecendo o braço do personagem.

O braço esquerdo das pessoas no filme O PREÇO DO AMANHA

A imagem me interessou, e como estava no inicio do filme, resolvi dar uma chance. 
Um filme de ficção científica. A história se passa em um mundo parecido com o atual, onde a expressão "tempo é dinheiro" é levada ao pé da letra. Não existe moeda, somente o tempo. 
As pessoas nascem e crescem até os 25 anos, quando em algum momento o seu relógio começa. A partir daí cada um ganha um prazo (acho que inicialmente é 1 ano), e não envelhece mais. Esse é um cronometro regressivo e também a conta bancária da pessoa. Quer comprar um sanduíche? São 5 minutos. Quer um champagne caro? 1 semana. Observe, quando o cronometro zerar, tu morres.
Dito isso, o enredo do filme é o seguinte: Justin (Will Salas) é um cara da periferia que é acusado de assassinar um milhonario e roubar seu tempo. Um milhonario aqui é um cara com muitos tempo no seu cronometro - tempo para comprar tudo e para viver muitos anos. Na realidade ele não mata ninguem, a parte inicial eu perdi, mas sei que o ricasso dá os anos para Justin, que antes vivia de moeda em moeda, digo, minuto em minuto, passa a ter muito tempo para gastar.
Ele então muda de vida. Vai para uma outra cidade, onde moram os milhonarios, compra carro, come bem e conhece uma gatinha rica. Obviamente a polícia está atrás dele, pois é suspeito de assassinato. A partir daí o filme fica bastante previsível e cliché. Perseguição, vilões, brigas e reconciliações, uma leve sindrome de Estocolmo. Numa ficção acho que isso é um grande erro, pois a ficção bem escrita não  mastiga a história para a audiência. Mas novamente, é um filme com o Justin Timberlake...
Mãe, irmã e filha. 
O que achei mais interessante são os detalhes de um mundo como esse. Por exemplo, por ser um cara da periferia, o Justin está sempre correndo - literalmente - para não perder tempo. Outro detalhe, as pessoas ricas vivem por muito tempo, assim, as mães, filhas, irmãs e tias se parecem muito, uma vez que chegando aos 25 anos ninguém envelhece. E essas pessoas ricas passam o tempo todo protegidas por guarda costas, para que não morram por nenhum acidente.
De modo geral, é interessante, mas não espere muita coisa. Nota 6.6 no imDB.
E quem tiver interesse em pensar sobre vida eterna e suas possibilidades, sugiro o blog de um amigo: www.medreg.com.br (ou clica aqui).

quarta-feira, 17 de julho de 2013

The Wire

Hoje é um dia triste para mim. Há exatamente 15 minutos, acabei de ver a melhor série de todos os tempos: The Wire.

Ok, sei que qualificar uma série como "a melhor de todas" é um pouco forte, mas eu não estou sozinho nessa. O IMDb coloca The Wire no 4º lugar, perdendo para Planet Earth, Game of Thrones e Breaking Bad. Nas próximas linhas, vou tentar convencer vocês que a série está três posições atrás nesse ranking de onde deveria estar.

The Wire apresenta a vida policial e o tráfico de drogas como pano de fundo, mas o enfoque de cada arco é variado. As cinco temporadas possuem temáticas mais evidentes, tais como a imprensa, a corrida política, a burocracia, o sistema escolar e a rotina das gangues. Pelo que dá pra ver, nenhum tema é mirabolante, não há grandes conspirações ou ameaças nacionais. Ninguém salva o mundo, nem ele está em perigo.

É justamente esse a grande qualidade da série, o realismo. A maioria dos seriados policiais me faz correr da TV porque criam cenários absurdos. Assistindo The Wire eu senti que realmente estava aprendendo sobre o lado escuro da sociedade americana, aquela parte suja que ninguém tem interesse de retratar e poucos tem curiosidade de conhecer.

O seriado não possui heróis verdadeiros - o modo realista mostra tanto defeitos quanto qualidades. Na verdade, é mesmo difícil pensar em quem é o protagonista da série. Mesmo assim, há muitos personagens memoráveis que criam uma forte razão para manter a atenção, ainda que o enredo principal passe por momentos amenos.

Voltando ao ranking do IMDb, eu confesso que não vi Planet Earth para dizer se essa série merece o #1 lugar. Entretanto, por ser um documentário, deixo essa comparação de lado.

Porque The Wire é melhor do que Game of Thrones? Eu realmente gosto muito dessa série, mas ela parte de uma posição privilegiada. Primeiro, porque é uma adaptação de um grande livro. Segundo, é praticamente uma superprodução, com um orçamento gigante e vários atores de peso. The Wire não possui nada disso, é uma série simples, sem efeitos especiais ou atrativos que não a própria série. Não estou dizendo que GoT é ruim, mas é uma série que poderia ser feita por outras mãos, ou outras adaptações poderiam ocupar o seu lugar. The Wire é apenas um ótimo roteiro com ótimas interpretações que me fez sentir como se eu estivesse "vendo um bom livro". É simples e, ao mesmo tempo, único.

Breaking Bad se aproxima um pouco mais de The Wire, mas não me convence. A trama é muito boa e dinâmica, mas não possui realismo, o que tira um pouco a credibilidade do lado dramático. Admito que "admiro" os personagens de Breaking Bad, mas não consigo me identificar com eles. Por outro lado, é fácil para algum espectador minimamente envolvido com The Wire se identificar com os personagens. O que eu quero dizer é que, por mais que Breaking Bad possa animar um expectador, The Wire faz com ele fique triste, animado ou até mesmo envergonhando de alguns pensamentos, ora seus, ora dos personagens. Mais do que tudo, The Wire faz com que um expectador reavalie seus próprios atos, algo que Breaking Bad está longe de conseguir.

Sei que minha crítica pode parecer um pouco exagerada, mas ela realmente não é. Não vou entrar em muitos detalhes da trama e personagens, mas a Wikipedia oferece um resumè razoável e spoilers bem destacados. Definitivamente, The Wire is a life-changing experience.






terça-feira, 9 de julho de 2013

Kick-Ass

Quando o Pablo me convidou para escrever no blog, eu pensei: o que eu devo avaliar? Deixando as frescuras de lado (fotografia, trilha sonora, enfim, tudo que eles avaliam em um Oscar) o que realmente deve ser pensado na hora de resenhar um filme? A minha resposta é: expectativas. Acredito que um filme agrada quando ele corresponde àquilo que esperamos. Filmes antigos perdem em muitos critérios (frescuras) para filmes novos, mas os clássicos sempre me agradam mais porque eu sei o que esperar deles.

Partindo daí, vou começar pelo Kick-Ass, lançado em 2010 e que vai ganhar uma sequência ainda esse ano. Para mim, esse é o filme (recente) ideal para mostrar como não gerar expectativas e surpreender o público.

O trailer já deixa bem claro que o "super-herói" é um nerd comum que resolveu colocar uma fantasia e sair por aí batendo em bandidos. Não tem nada dos efeitos especiais de um Transformers, não tem o roteiro de Watchman, nem a estrutura de SinCity, a fotografia de 300 e um personagem consagrado como o Spider-man. É simplesmente um John Doe que resolve bancar de herói. Simples assim.

O elenco anunciado também não ajuda. Ninguém muito famoso em papeis centrais e, para piorar, tem o Nicolas Cage.

Eu confesso que, quando fui assistir esse filme no Netflix, esperava a cura para a minha insônia. Duas horas depois, eu não tinha caído no sono acordado, mas tinha assistido a um filme engraçado, leve e divertido. As piadas são legais, as cenas de ação são boas e há alguns pontos na trama que ficam na memória. Por incrível que pareça, até o nosso amigo Cage é razoável.

Enfim, é um filme adequado para um geek que quer ter duas horas agradáveis. Só NÃO assistam ao trailer do segundo filme, que tem mais spoilers do que a Wikipedia do Game of Thrones.





segunda-feira, 8 de julho de 2013

MinutePhysics

Ja escrevemos aqui sobre o Through the Wormhole - seriado do Discovery Channel com Deus Morgan Freeman narrando causos científicos.
Agora, se alguem não tem o Discovery Channel e paciência e tempo ou nenhum dos anteriores individualmente destacados, mas tem interesse, recomendamos o youtube. Lá existe um canal chamado Minute Physics.
O propósito é falar sobre física em pouco tempo e de forma simples. O que é o fogo? É melhor correr na chuva ou caminhar? O que é gravidade? Além de coisas mais complexas, mas que são desenroladas e explicadas direitinho. Não é um material para estudar para o colégio, ou para a faculdade, mas certamente algo para conversar no bar.


A arte é também muito interessante. Enquanto fala vai desenhando (parecido com o Tales of Mere Existence, que já falamos aqui também), o que dá muito mais sentido pra coisa toda. Afinal, falar sobre: o que é o universo? Traz implicita a resposta para a pergunta: entendeu ou quer que eu desenhe?
Pra quem gostou, existem muitos canais do youtube fazendo esse tipo de coisa. Haja visto o número de inscritos no Minute Physics: 1 milhão e 600 mil pessoas.
Pra quem quer mais coisas, o proprio canal fez um video com recomendações.


domingo, 7 de julho de 2013

Gael García Bernal talvez seja hoje o maior ícone do cinema latino-americano. Desde Amores Peros, protagonizou diversos filmes interessantes e de alto conceito, o que o levou a Hollywood, por fim. Todos muito bons, realmente, e de brilhante atuação do mexicano. Agora, ele volta às raízes pra ser o mocinho em No, filme chileno do ano passado, dirigido por Pablo Larraín.
Todo filme chileno é sobre ditadura? Sim, o que não tira a qualidade do último. Brincadeiras a parte - acho que o outro filme que assisti de produção no país mais fino do mundo foi Machuca (excelente!) - a película sobre a qual comento é baseada em fatos reais. Em 1988, a ditadura de Pinochet convocou um plebiscito para saber se a população desejava ("SÍ") ou não ("NO") a manutenção do próprio no poder por mais oito anos. Aí entra René Saavedra - vivido por Bernal - publicitário que, convidado, decidi cooperar com a campanha a favor do NO; por outro lado, seu chefe de empresa, é "conselheiro" do SÍ.
Como toda película que tem qualquer tipo de regime opressor como pano de fundo, é fundamental um pouco (ou muito) romantismo. Saavedra - um homem, no mínimo, necessário - é separado, tem um filho, vive um vai-e-vem com a ex-esposa (ou uma tentativa disso), que é inclusive mais engajada politicamente que ele. Ao mesmo tempo e, obviamente, se envolve com os opositores do regime; assim, também é perseguido, e toma partido a partir disso - o que o torna mais rico como pessoa.
"No" é um filme excelente, não serve apenas como mais um clichê. Concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro e perdeu para "Amour", outra pérola de Michael Haneke - o que, na minha opinião, não o coloca em um nível abaixo.